domingo, 3 de julho de 2011

Mais de mil cães vivem nas ruas de Blumenau

Animais sofrem com abandono, posse irresponsável e maus tratos

Na solitária busca pela sobrevivência, há cerca de 300 cães abandonados espalhados por Blumenau, conforme estima a Vigilância Sanitária. Somados aos que têm donos, mas vivem nas ruas, o número passa de mil animais vagando pelas ruas. São cães sem dono que parecem dar um jeito para tudo, exceto para o frio.

E a partir deste domingo, com a permanência de uma frente fria e previsão de baixas temperaturas em todo o Estado, esses animais se tornam ainda mais vulneráveis: além da solidão, terão de desafiar o rigor do inverno.

— Os riscos deles às baixas temperaturas e à chuva são semelhantes aos nossos. Podem pegar uma pneumonia, infecção urinária ou até morrer de frio — explica o veterinário do Hospital de Clínica Veterinária Blumenau, Gilmar de Oliveira.

Desde 2009, fiscais da Vigilância começaram o levantamento de cães abandonados para compor o projeto de criação do Centro de Zoonoses. Os técnicos percorreram as principais ruas do município para fotografar os animais e verificar se tinham dono.

Dos encontrados na pesquisa, 65 foram catalogados como abandonados, número que serviu de base para a estimativa de todo o município. Mas na busca de informações sobre outros cães achados na rua, a conclusão é negativa: mais grave do que o abandono é o descuido de quem os cria.

Passam de mil os cães que foram identificados com donos, mas que passam o dia todo nas ruas, expostos aos riscos de atropelamentos, aos maus tratos, ao frio e à chuva.

A situação é mais comum na periferia. Em três horas, o Santa percorreu o município no sábado em busca dos cães de rua. A maioria vagava solta nos morros Dona Edith e Figueira, no Bairro da Velha, e Rua Pastor Oswaldo Hesse, no Ribeirão Fresco.

— É difícil distinguir se o animal é de rua ou apenas está na rua. Nas áreas mais carentes, as casas sem muros deixam os cães livres sob o efeito dos mesmos riscos que os animais abandonados. Mas em muitos casos é pura negligência dos donos — avalia o diretor da Vigilância, Marcelo Schaefer.

Embora dados oficiais não demonstrem, o abandono pode ser ainda maior. Voluntária da Associação de Proteção aos Animais de Blumenau (Aprablu), Barbara Lebrecht garante receber cerca de 20 e-mails por dia enviados por moradores que denunciam a desistência de animais por parte dos donos. Nos últimos dias, até cavalos aparecem na lista por terem sido deixados pastando em meio à chuva. Sempre que podem, os voluntários da associação recolhem os animais e prestam os primeiros cuidados. Mas por não dispor de espaço físico adequado, dependem de interessados em adotá-los para tirá-los das ruas.

— Infelizmente ainda há quem não considere o animal como integrante da família, que tem seus custos, mas retribui com o carinho incondicional. Pense em trocar de lugar com seu animal para ver se gostaria de ficar na mesma situação — compara Barbara.

Adoção responsável

A Vigilância Sanitária vai lançar no segundo semestre deste ano uma campanha em Blumenau para estimular a posse responsável de animais domésticos. O foco é direcionado a crianças de oito a 10 anos, que vão aprender os mandamentos da adoção de um bichinho e a responsabilidade que se assume ao criá-lo. Até o final do ano, 15 mil cartilhas didáticas serão distribuídas nas escolas do município.

A campanha terá também um concurso de desenho e a criação de um slogan para estimular as crianças a trabalhar com o tema. Nas edições seguintes, a campanha será estendida aos adultos. Diretor da Vigilância, Marcelo Schaefer acredita que dentro de um ano as ações, aliadas à construção do Centro de Controle de Zoonoses, ajudarão a reduzir a ocorrência de animais de rua na cidade.

— Hoje, a Vigilância recolhe três cães por semana com traumas de maus tratos ou atropelamentos, além de sinais de agressividade. A intenção não é encher os canis, é reabilitar os cães de rua e manter um fluxo com a doação dos animais — explica.

O Centro de Zoonoses está sendo construído no Bairro Itoupava Central, atrás da Escola Número 1. O espaço terá laboratório veterinário, salas de cirurgia voltadas principalmente à castração dos animais e locais de vacinação. Haverá dois canis com capacidade para abrigar 150 cães.

A construção do espaço físico deve ser finalizada em novembro. O início das operações está previsto para janeiro de 2012.

Como adotar

A Aprablu encaminha animais para adoção. Para adotar um cão ou gato ligue para 9991-1734. Ao encontrar um animal ferido ou agressivo na rua, entre em contato com a Vigilância Sanitária: 3326-6807.

Fonte: JSC

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