quarta-feira, 5 de maio de 2010

Congresso discute liberdade de imprensa

Políticos e empresários defendem o jornalismo como pilar da democracia

BRASÍLIA - A fiscalização independente do poder, o livre acesso à informação e a manutenção de um Congresso soberano foram destacados como princípios basilares da democracia, durante a 5ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Imprensa, promovida ontem em Brasília. Reunidos na Câmara dos Deputados, jornalistas, parlamentares e executivos de alguns dos principais veículos de comunicação do país debateram formas de aperfeiçoar o trabalho da imprensa e evitar qualquer forma de restrição à circulação de notícias.

O evento foi promovido pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner) e Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em parceria com a Câmara. No primeiro painel, o vice-presidente da Aner, Sidnei Basile, lembrou tentativas recentes de cerco à liberdade de expressão, como a criação de um Conselho Federal de Jornalismo.

– Precisamos articular com urgência uma autorregulamentação da mídia, sem as peias de algum organismo de governo – defendeu Basile.

A iniciativa foi saudada pelos representantes dos veículos de comunicação. Segundo a presidente da ANJ, Judith Brito, as entidades do setor já estão discutindo a adoção de um código de ética e conduta.

– O importante é que ficou muito claro que não vamos aperfeiçoar o trabalho da imprensa através de leis e conselhos. A autorregulamentação é o caminho – complementou o presidente do Grupo RBS, Nelson Sirotsky.

Jornalista defende mais respeito entre imprensa e políticos

Ao lembrar que o país atravessa um de seus mais longos períodos democráticos, os parlamentares reafirmaram a importância da liberdade de imprensa, mas expressaram críticas à cobertura jornalística exercida sobre o Congresso. O deputado José Genoíno (PT-SP) reclamou de um enfoque “maniqueísta” das reportagens, que seriam majoritariamente centradas em fofocas e escândalos. Para o jornalista Eugênio Bucci, essa polarização entre parlamentares e jornalistas pode dar margem ao ressurgimento da censura. Bucci citou ataques desferidos à imprensa por deputados e senadores no ano passado, durante os escândalos dos atos secretos e da farra das passagens aéreas:

– Precisamos de entendimento, respeito recíproco e cooperação mútua. O Legislativo é insubstituível como fundador das leis, assim como à imprensa cabe fiscalizar o poder.


Fonte: JSC

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