segunda-feira, 10 de maio de 2010

O futuro da história


Especialistas propõem soluções para o Vapor Blumenau, que terá destino decidido essa semana pela prefeitura

BLUMENAU - Enquanto o município não decide o que fazer com o Vapor Blumenau, que está desativado e abandonado na Prainha, o Santa consultou especialistas em história, conservação do patrimônio e urbanismo para apontar soluções. Eles são unânimes em ressaltar que a única maneira de preservar a embarcação construída em maio de 1895 é torná-la útil e atrativa para turistas e blumenauenses.

– A preservação só é possível se o uso for contínuo. O patrimônio histórico é como nosso corpo. Precisa respirar, viver. Se for só restaurado e fechado novamente ou se não houver uso constante, o abandono fará com que novamente volte ao esquecimento – aponta a arquiteta e urbanista, mestre em Conservação e Restauro, Yone Yara Pereira.

Yone lembra que a falta de recursos para investimento na preservação do patrimônio histórico é um problema antigo. No entanto, a arquiteta e urbanista entende que a viabilização deste tipo de obra vai além da verba, tem a ver com cultura e memória, garante:

– Não levar a história para o futuro é um risco. Onde estarão nossas referências daqui a algum tempo? O que se deixará para as próximas gerações da história deste lugar?

Para a historiadora e professora da Furb Cristina Ferreira, a preservação pode ser viabilizada por meio de projetos protocolados no Ministério da Cultura e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

– É preciso haver uma equipe de profissionais qualificados para apresentar propostas, e não apenas sobrecarga dos poucos profissionais da área que existem na prefeitura para tais funções – ressalva.

A presidente da Fundação Cultural, Marlene Schlindwein, se reuniu sexta-feira com o prefeito João Paulo Kleinübing para, entre outras demandas, tratar do futuro do Vapor Blumenau. Como o Santa adiantou em reportagem publicada em 23 de abril, a intenção de Marlene é lançar um edital para selecionar o melhor projeto de restauração. O barco seria recolocado no circuito turístico de maneira atrativa. Porém, o prefeito pediu uma semana para decidir se essa é a melhor solução para o futuro de um símbolo da história da cidade.

115 anos de história


- O Vapor Blumenau teve a estrutura encomendada na Alemanha e montada no Porto de Itajaí. O trecho de Blumenau a Itajaí começou a ser navegado pelo Vapor em 30 de maio de 1895. O percurso demorava entre seis e oito horas
- Quando ele dobrava a curva do rio e despontava na Prainha, era sinal da chegada de máquinas, dividendos e cartas de parentes e amigos. Era o barco mais poderoso na região
- A navegação fluvial foi desativada na década de 1950, com a Estrada de Ferro Santa Catarina e a Rodovia Jorge Lacerda
- Em agosto de 2002, a restauração do Vapor Blumenau, iniciada três anos antes, foi concluída. Com verba de empresários da cidade, ele se tornou um memorial com exposição sobre a importância do Rio Itajaí-Açu para o desenvolvimento da região
- Em março de 2010, o descaso com o Vapor Blumenau ultrapassou o desrespeito com a memória da cidade e colocou em risco a saúde pública. O Serviço de Controle da Dengue advertiu verbalmente a Fundação Cultural, que teve de providenciar a retirada da água acumulada no barco. Agora o município estuda uma forma de recuperar o monumento
Fonte: Fonte: Arquivo do Santa e Arquivo Histórico de Blumenau
Algumas propostas
1 Transformar o Vapor em um museu da própria história.
2 Em vez da Prainha, instalar próximo ao Biergarten, antigo porto de Blumenau, onde há mais atrações de lazer e cultura (como o Museu da Cerveja), vincula com a história da cidade e facilita o acesso do público.
3 O Vapor Blumenau deveria ser transformado num espaço permanente de visitação, com a história do transporte fluvial da cidade, mostras de filmes antigos e documentários, além de fotos históricas em painéis.


Fonte: JSC

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