segunda-feira, 12 de julho de 2010

Direto da boca para a calçada

Segundo estudo, custo para tirar chicletes da Rua XV chegaria a R$ 478 mil

Foto: Diário de Pernambuco

BLUMENAU - Um, dois, três.... mais de 126 mil! Essa é a quantidade mínima de chicletes que você vai contar grudados nas calçadas da Rua XV de Novembro, reurbanizadas em 2001. E agora, que a Avenida Beira-Rio está passando por revitalização, quanto tempo vai demorar para caminharmos sobre um passeio público tão sujo quanto? O paver novinho ainda nem foi inaugurado e, quem quiser observar por lá, já o encontrará carimbado com chiclete.

– Acho que é uma questão de consciência. Estive há pouco tempo na Europa e a gente não vê sujeira no chão. É preciso entender, enquanto cidadão, que o seu dinheiro acaba sendo usado para limpar a sujeira dos outros – argumenta o diretor de Serviços Urbanos, Valdecir Dutra.

Para limpar os chicletes da Rua XV, o gasto estimado seria de R$ 478 mil, de acordo com orçamento feito em 2006 pelo poder público. Uma empresa especializada cobraria R$ 3,80 pela remoção de cada um dos 126 mil chicletes colados no chão. A prefeitura desistiu da ideia porque, para refazer a calçada, o custo é de R$ 1 milhão.

– A prefeitura não poderia se dar ao luxo de fazer esse tipo de investimento. Com o valor poderíamos investir em outras áreas que a população necessita – comenta Dutra.

Para especialistas, exemplo deve partir primeiramente da família

No início da Rua XV, próximo a uma barraca de sorvetes, a quantidade de chicletes chega a formar uma crosta, inclusive ao lado do cesto de lixo. Thais da Luz Ribeiro, que explora o ponto há quatro meses, reclama do mau exemplo dos pais:

– Fiquei assustada com a quantidade de chiclete no chão. Quando o pai chega com a criança, ele diz: “joga esse chiclete fora”. A criança cospe ali mesmo.

É a partir dos pais que as crianças têm o exemplo do uso do espaço público, defende o professor de Filosofia da Furb Celso Kraemer:

– Se o pai não se preocupa em explicar ao filho que ele precisa jogar o lixo na lixeira, com certeza ele não vai fazer isso quando adulto. A solução do problema está na educação dentro da família.

A mestre em Antropologia Anamaria Teles argumenta que as pessoas pensam que o que é público não tem dono. Para ela, cabe ao poder público, à escola e também à família a orientação de que esses espaços são de todos:

– Os recursos que as empresas investem em publicidade poderiam ser usados para campanhas de conscientização que contribuam para melhorar a qualidade de vida e as relações na sociedade.

DESGRUDE!
A matéria bruta da goma do chiclete é extraída de uma árvore. O professor Ricardo Andrade Rebelo, do Departamento de Química da Furb, explica que a estrutura molecular do chiclete é muito resistente e, na calçada, só sai com determinado tipo de ácido:
– Não dá para tirar o chiclete de uma superfície apenas com água. Quando mastigamos, ele não desmancha com a saliva. O uso de sabão também não ajuda. Se o chiclete for grudado em uma superfície porosa, como a da calçada, e compactada, a retirada desse material é ainda mais difícil.
- Um único chiclete leva cinco anos para se decompor
- Londres, capital da Inglaterra, gasta o equivalente a R$ 500 mil por ano para arrancar as gomas das calçadas
- Em Itapecirica da Serra, São Paulo, uma lei proibindo jogar chicletes nas ruas foi aprovada em junho
- Já em Cingapura, na Ásia, é proibido vender chicletes. Quem for flagrado carimbando a calçada pode pagar multa de mais de R$ 8 mil, seja habitante ou turista
- No México, uma cooperativa criou um chiclete biodegradável. Ele é feito de um extrato natural da seiva de uma árvore chamada Chicle, que é utilizado para a elaboração do produto

Fonte: JSC

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